Conversava eu com um confrade na semana passada sobre as diferentes formas nas quais um mesmo tabaco pode envelhecer. Num dado momento, eu disse que "tabacos podem ser tão imprevisíveis quanto as mulheres". O confrade achou poético e me desafiou a elaborar mais sobre a minha afirmação espontânea. Não que eu me ache um poeta, mas aceitei o desafio Então, aqui vou eu. Onde eu disser "tabaco", vocês podem entender "mulheres" kkkkk.
Tabacos existem de todos os tipos, preços, procedências e encantos. Alguns nos encantam pela suavidade e delicadeza; outros, por sua força e potência. Cada um tem seu toque especial, seus pontos fortes e fracos. Quase todos nos chamam a atenção, nos atraem, nos deixam curiosos, e alguns nos seduzem com bastante facilidade. Alguns nos cativam, fascinam e mesmo deslumbram. Especialmente aqueles que vêm latinhas vistosas, sofisticadas, bonitas. Parecem aquelas atraentes barras de chocolate importadas, quando colocadas à frente de meninos gulosos, que é o que somos. E essa curiosidade e desejo de experimentá-los é o nosso instinto mais vívido e incontrolável. Mal podemos esperar para nos vermos envoltos em sua fumaça altamente aromática, inebriante e quente - mesmo sabendo que a fumaça dever ser fria para uma boa cachimbada. Claro, mas não estamos falando de cachimbadas aqui, e brincamos com o perigo hehehe.
Apesar de toda a expectatva, alguns tabacos nos decepcionam logo de cara. Alguns são aguados ou muito artificiais. Outros são muito mal-balanceados, com uma complexidade caótica, saturada, que embota o paladar ou mesmo nos dá náuseas ou arrependimento. Muitos "mordem", deixam a língua queimada ou impregnada de amargôr. Outros são bons, e sempre queremos mais, mesmo não sendo perfeitos. Isso porque nos satisfazem, nos dão aquilo que buscamos num bom tabaco de forma consciente e realista, são balanceados e estáveis, e por isso os queremos sempre ao nosso lado, e os tratamos com respeito e carinho.
Já, a maturação ou envelhecimento dos mesmos, que foi o que gerou tal conversa, sempre vai ser algo complexo e imprevisivel. Com o passar dos anos, mesmo os bons tabacos, mesmo em adegas frescas, limpas, bem arejadas e com luz suave podem perder o sabor, podem mudar de forma inexplicável seu perfil, e principalmente passar a "morder" - o que não nos parece justo.
Entretanto, não podemos nos esquecer de que os tabacos são obras da natureza, são ervas que, ainda que processadas e tratadas, não podem ter seu desenvolvimento controlado e nem seu ápice congelado no tempo. As habilidades do cachimbeiro também podem mudar, vícios podem surgir e se enraigar, e tudo isso concorre para mudanças incontroláveis no entrosamento do cachimbeiro com seus tabacos preferidos. Por isso temos que aprender a saboreá-los e desfrutá-los da melhor maneira possível e aproveitar com total entrega e devoção as boas cachimbadas, que geralmente ocorrem quando primeiro passamos a compreendê-los e a descobrir o grau de umidade correto, o fornilho mais apropriado e o melhor ritmo e momento do dia para apreciá-los.
Enfim, todo tabaco tem seus méritos e seu período de graça. Cabe ao caximbeiro ter a calma, a arte e a inspiração para dignificá-los, e poder guardar na memória a alegria das belas cachimbadas de sua vida, esquecendo ao máximo as muitas queimadas na língua. Afinal, cachimbar deve ser acima de tudo, um ato de redenção e de elevação do espírito, através dos sentidos, do conhecimento, do aprendizado, do prazer e da serenidade.
Tabacos existem de todos os tipos, preços, procedências e encantos. Alguns nos encantam pela suavidade e delicadeza; outros, por sua força e potência. Cada um tem seu toque especial, seus pontos fortes e fracos. Quase todos nos chamam a atenção, nos atraem, nos deixam curiosos, e alguns nos seduzem com bastante facilidade. Alguns nos cativam, fascinam e mesmo deslumbram. Especialmente aqueles que vêm latinhas vistosas, sofisticadas, bonitas. Parecem aquelas atraentes barras de chocolate importadas, quando colocadas à frente de meninos gulosos, que é o que somos. E essa curiosidade e desejo de experimentá-los é o nosso instinto mais vívido e incontrolável. Mal podemos esperar para nos vermos envoltos em sua fumaça altamente aromática, inebriante e quente - mesmo sabendo que a fumaça dever ser fria para uma boa cachimbada. Claro, mas não estamos falando de cachimbadas aqui, e brincamos com o perigo hehehe.
Apesar de toda a expectatva, alguns tabacos nos decepcionam logo de cara. Alguns são aguados ou muito artificiais. Outros são muito mal-balanceados, com uma complexidade caótica, saturada, que embota o paladar ou mesmo nos dá náuseas ou arrependimento. Muitos "mordem", deixam a língua queimada ou impregnada de amargôr. Outros são bons, e sempre queremos mais, mesmo não sendo perfeitos. Isso porque nos satisfazem, nos dão aquilo que buscamos num bom tabaco de forma consciente e realista, são balanceados e estáveis, e por isso os queremos sempre ao nosso lado, e os tratamos com respeito e carinho.
Já, a maturação ou envelhecimento dos mesmos, que foi o que gerou tal conversa, sempre vai ser algo complexo e imprevisivel. Com o passar dos anos, mesmo os bons tabacos, mesmo em adegas frescas, limpas, bem arejadas e com luz suave podem perder o sabor, podem mudar de forma inexplicável seu perfil, e principalmente passar a "morder" - o que não nos parece justo.
Entretanto, não podemos nos esquecer de que os tabacos são obras da natureza, são ervas que, ainda que processadas e tratadas, não podem ter seu desenvolvimento controlado e nem seu ápice congelado no tempo. As habilidades do cachimbeiro também podem mudar, vícios podem surgir e se enraigar, e tudo isso concorre para mudanças incontroláveis no entrosamento do cachimbeiro com seus tabacos preferidos. Por isso temos que aprender a saboreá-los e desfrutá-los da melhor maneira possível e aproveitar com total entrega e devoção as boas cachimbadas, que geralmente ocorrem quando primeiro passamos a compreendê-los e a descobrir o grau de umidade correto, o fornilho mais apropriado e o melhor ritmo e momento do dia para apreciá-los.
Enfim, todo tabaco tem seus méritos e seu período de graça. Cabe ao caximbeiro ter a calma, a arte e a inspiração para dignificá-los, e poder guardar na memória a alegria das belas cachimbadas de sua vida, esquecendo ao máximo as muitas queimadas na língua. Afinal, cachimbar deve ser acima de tudo, um ato de redenção e de elevação do espírito, através dos sentidos, do conhecimento, do aprendizado, do prazer e da serenidade.
Obrigado, confrade!
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