Divagações sobre o perique

Eis um tabaco "tempero" que as misturas mais humildes raramente têm, porque é mais caro e raro, produzido apenas num condado da Louisiana. Não por coincidência, ele me remete àquela famosa pimentinha chamada "Tabasco". Por dois motivos: assim como ela, ele também é produzido na Louisiana (especialmente em St James) e é bem fermentado. E eu diria que é um tabaco muito interessante para temperar as misturas mais encorpadas, inclusive inglesas, e não apenas as VaPer. Ele não apenas tempera as misturas mas também lhes confere ainda mais corpo.

Ele dá aquela picadinha (boa) na língua e, assim como um molho de pimenta, ele acentua os outros sabores e deixa tudo mais interessante. Mas eu também acho que enjoa um pouco. Não sei se foi coincidência, mas reparei que na grande maioria das misturas que eu adquiri na segunda metade do ano passado (geralmente inglesas encorpadas da Cornell & Diehl) ele está presente. E agora, mesmo variando sempre de mistura, me deparo com ele. O sabor vem me enjoando um pouco, assim como há um bom tempo atrás também enjoei do Cavendish. A única coisa que eu acho pouco desejável no perique é que ele é um tanto rude com as nossas narinas - nas primeiras baforadas (quando esqueço que ele é parte de alguma mistura) logo me lembro da presença dele ao sentir uma leve queimação, ligeiramente desagradável, quando a fumaça entra no nariz. Não vou deixar de gostar dele; afinal, é um tabaco muito especial. Mas, como é de se esperar, a constância de um certo sabor faz com que precisemos de umas férias. Especialmente quando o ingrediente é tão marcante. E que deve ser usado com moderação nas misturas.

O perique em seu processo de fermentação, em barris e sob pressão