terça-feira, 13 de agosto de 2013

Mac Baren HH Vintage Syrian revisitado

Há tempos espero ansioso para escrever esta resenha, sobre uma mistura que já resenhei. Mas por quê? Por uma situação curiosa: um confrade me perguntou qual era minha MI preferida, e a resposta que me veio automaticamente à cabeça foi o HH Syrian. E acho que isso se deve ao fato desta ter sido minha primeira MI latakiada, o que me deixou boas lembranças (foi a minha descoberta do meu estilo favorito de mistura). Mas, logo depois, me questionei pela minha sugestão ao confrade, pois, não estaria eu sendo apenas saudosista? Fazia mais de ano que eu não a fumava. E o fato de eu não ter mais comprado dela durante todo esse tempo, mesmo considerando-a minha favorita, se explica pelo meu desejo de experimentar muitas outras antes de recomprar a minha favorita - caso alguém esteja questionando a minha falta de "fidelidade". Então resolvi encomendar uma nova latinha para ver se minha análise ainda seria a mesma, depois de ter experimentado tantas outras misturas semelhantes. E aqui vai o que constatei.

Realmente, a minha inexperiência à época, me fez ter dela uma memória um tanto distorcida, pois me lembrava dela como uma mistura muito mais complexa e pesada do que é. Isso foi o que eu percebi erroneamente, pois ainda não conhecia as misturas mais pesadas e complexas. Entretanto, há muitos fatores com os quais eu ainda concordo e reafirmo, quais sejam:
- A doçura. E uma doçura muito especial, que eu acredito ser fruto da mistura de virgínias de 3 continentes diferentes, mais o latakia sírio e os ótimos orientais, todos em conluio para um resultado mais adocicado do que o normal. E, mesmo eu não gostando de misturas doces, no caso desta, eu adoro tal caráter! Impressão positiva mantida.
- O aroma. Apesar de não muito complexo, é delicioso! Tem uma textura que nos lembra algo gorduroso, esfumaçado mas com um perfume magnífico - tanto antes quanto depois do fogo. Esta é uma fumaça que eu gosto de inalar, e não irrita as narinas.
- O latakia sírio: mais suave porém mais saboroso e refinado do que o latakia cipriota, que é o que encontramos em quase todas as misturas deste gênero. Raridade e vantagem!
- O belíssimo resultado final dos virginias, latakia, orientais, turco e kentucky (lista interessante de ingredientes) em plena harmonia e muito bem balanceados.
Outra prova da minha inexperiência no passado é o fato de eu me lembrar que ela mordia a língua, só que não morde de modo algum! Eu não sabia nem cachimbar direito... não arejava o tabaco e puxava muito forte!

Resultado final: concordo com algumas críticas segundo as quais a mistura é bem doce e não muito complexa. Fazem sentido para mim (agora). Mas, mesmo assim, pessoalmente falando, ela tem um encanto todo especial, pelos pontos que citei acima. Ainda é minha favorita? Sim, só que não mais de forma absoluta. Agora ela divide o primeiro lugar do pódio com a Night Cap e também a Odyssey. Ainda sendo menos encorpada e menos complexa do que essas outras duas, mas com o sabor adocicado (que apenas neste caso) tanto me agrada, e permanece na boca depois da cachimbada. Também por seu aroma que, em elegância e equilíbrio, lembra muito as misturas balcânicas, só que sem perder o caráter de inglesa. Enfim, mesmo com seus pontos fracos em comparação a outras MI's mais "carrancudas" (e eu as adoro por isso), ela ainda tem um apelo todo especial pela sua doçura atípica, relativa leveza e seu aroma especial e adorável - ainda que pouco complexo. Mesmo eu preferindo as misturas extremamente pesadas e encorpadas, esta é um afago ao meu palato, uma variação bem-vinda. Ainda que meu gosto e percepção tenham mudado e se tornado adeptos de uma padrão um tanto diferente (com preferência a misturas bem menos doces e muito mais encorpadas). Deixou de ser a minha única MI "número um", mas continua sendo uma delas, com todo certeza, apesar dessa aparente contradição entre o meu gosto atual e o que ela oferece. Aqui estou eu surpreso por estar gostando dessa doçura e pelo modo como a experiência mudou minha análise. Eis um dos aspectos mais emocionantes das nobres artes: nos mostrar o quanto a vivência nos dá uma visão mais ampla e mais nítida das coisas. E há uma felicidade em continuarmos gostando de algumas delas, mesmo as vendo de forma diferente.


4 comentários:

  1. Muito interessante sua resenha confrade! Realmente, HH Vintage Syrian tem seu encanto em sua doçura, como comentei no blog, para mim, o encanto de HH Vintage Syrian está justamente nesse doce e não no powerfull latakia!

    Fico feliz que ela esteja na sua lista magna, afinal, como o confrade bem pontuou, é bom que algumas coisas/gostos permaneçam!!! ;)

    Um abraço e excelentes cachimbadas!!!

    P.S. Atualmente prefiro o latakia cipriota.

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  2. Pois é, confrade...
    Como havia imaginado, minha impressão dele agora foi bem diferente.
    Tanto a doçura qto o latakia sirio ainda me agradam, mas como uma variação o do nosso "básico", né? Hehehe...
    Abraço!

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    1. Apenas por curiosidade, qual será o próximo para a resenha?? Acho que essa sua resenha, na minha opinião, foi a melhor que já fizeste!

      Gostei tanto, que ouso perguntar, qual será a próxima resenha de tabaco???Estou aguardando!

      Um abraço e excelentes cachimbadas!!!

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  3. Muito obrigado, confrade!
    Gentileza sua...

    A próxima vai ser do Izmir ou do Byzantyum (ambos da C&D), assim que chegarem.

    Abraço!

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